segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Jornada de heróis

Ser artista de teatro e tentar, contra tudo e todos, exercer tal ofício num mundo que o desnobiliza constantemente, equivale cada vez mais a percorrer uma jornada de herói. Como nos mitos clássicos, o artista-herói contemporâneo deve enfrentar tantos obstáculos quanto qualquer outro cidadão comum, com a diferença de que o que primeiro realiza não tem uma função clara na sociedade; sendo portanto pouco pragmático e objetivo aos olhos de outrem.
Nessa jornada de construção artística, os percalços oscilam entre os mais corriqueiros e socialmente estabelecidos quanto excêntricos e até quase catastróficos. Nossos labirintos, minotauros, dragões e feitiçarias correspondem à falta de recursos financeiros (mesmo quando existem são escassos e insuficientes), à indisponibilidade de tempo para o trabalho, crises de criação, pressões de diversas naturezas, ao individualismo que pode se sobrepôr ao coletivo; e também enfermidades (físicas e emocionais), acidentes, inveja.
Mas como para todo herói, as provações existem para serem provadas e não rejeitadas (como costuma mandar o status quo atual). E, no bojo da mitologia arcaica, preferimos acreditar que o velo de ouro há de ser conquistado. Mesmo lutando ainda contra a falta de público e o desinteresse social/ descaso das esferas governamentais para com a arte, aguardamos a recompensa do trabalho bem realizado, enquanto labutamos arduamente nossa jornada. Com paciência, equilíbrio e determinação. Salve, Jorge!

JUAREZ DIAS